O que é mindfulness do coração?

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Mindfulness do Coração é apreciar o momento presente através do coração de criança… aquele coração que ama sem julgamento e que vai além dos limites dos conceitos! aquele coração que se abre porque nada teme e aquele que não se protege porque confia!
Um método para começarmos a ver com os olhos do coração e não com os olhos do pensamento… com os olhos dos sentimentos e não com os olhos dos conceitos… para finalmente contemplarmos a realidade com os múltiplos olhos da sabedoria, como uma noite estrelada que tudo ilumina… como o calor do sol que nada discrimina!
Esta preciosa prática meditativa é como uma chave que abre o tesouro do nosso coração de criança! Esse tesouro tem o potencial de curar, transformar, purificar o corpo, as emoções, a mente, a energia!
É a arte de render ao que não pode ser mudado; de deixar ir o que ainda nos magoa… de sarar feridas abertas que não têm idade; de cicatrizar dores invisíveis… de lavar as nódoas de medos ocultos; de soltar o que está preso!
É libertar as nossas asas do amor e da confiança, saltar com bravura no espaço sem limites da nossa natureza pura e voar com doçura, saboreando a leveza da liberdade!
É despertar a inocência, a alegria, o contentamento, a espontaneidade… a simplicidade do amor de criança!
É ir além do que nos limita e nos separa, completamente além… e ser amor!

Tadyata Gate Gate Paragate Parasamgate BodhiSoha!

A magia do coração…

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A arte de amar sem medo , de abrir o coração sem esperar nada , de nos conectarmos com o sofrimento do outro e ter a capacidade de o transformar , de ser como a flor de lotus que desabrocha à luz do sol e saber que a sua beleza está na alquimia de transformar a dor em felicidade autêntica , este é o treino do coração. O amor , a compaixão são a varinha de condão que tem o poder de ver belo onde outrora era o feio , a magia de trazer felicidade ao que era agonia , a capacidade de ir além de todos os medos e sentir-se o sabor da liberdade e nas suas asas voar!

No próximo domingo , dia 8 Maio , irá realizar-se mais um curso de Filosofia & Psicologia Tibetana e desta vez vai directo ao coração.
Ao longo do curso irão emergindo as respostas a questões como estas:
* O que é afinal o amor? E a compaixão?
* Como é possível amar sem medo e sem expectativas? E o que significa na prática?
* O que significa abrir o meu coração e entregar-me sem sofrer? E render é a única forma de vencer?
* Porque dizemos que o amor faz sofrer? E como não fechar o coração?
* Qual a diferença entre ter um coração bom e ter um coração autêntico e feliz?
* Como praticar a autenticidade no coração? O que fazer quando as minhas decisões trazem sofrimento à minha volta?
* Como praticar o amor , a compaixão no dia a dia , nas minhas relações de trabalho , de amizade , familiares ou amorosas?
* Porque é tão importante desenvolver amor , compaixão por nós mesmos para gerar amor à nossa volta?
* Porque é tão importante treinar a mente para ser um coração livre?
* Qual a relação entre amor e liberdade? Como praticar ambos?

Evento : Ciclo de Cursos de Filosofia & Psicologia Budista
3o Módulo : Treino do Coração (módulo independente e aberto a todos)
Data : Domingo , 8 Maio
Hora : 14:00 às 19:00
Local : Estúdio de Yoga Tibetano – Ana Taboada
Preço : 40€ por pessoa

Descrição :
Este ciclo de cursos serão divididos em três partes:
– Treino da Mente
– Treino do Coração
– Treino do Corpo
Estes cursos estruturados são para todos os que se interessam por saber mais sobre a vida , sobre a mente , a natureza da dor e do sofrimento e como ser naturalmente feliz … e , claro , aberto a todos os curiosos que acham que podem aprender algo mais com esta sabedoria ancestral que hoje em dia está cada vez mais atual com os avanços da ciência.

Programa :
– a arte do amor e da compaixão : o que é e como praticar
– como abrir o coração através do amor , compaixão e da fé na nossa natureza
– abrir a mente para abrir o coração
– métodos de geração de equanimidade , bondade , compaixão e bodhichitta (estado da mente desperta e compassiva)
– Práticas da meditação do amor e compaixão conceptual

Inscrições : ana@anataboada.com

Próximo eventos:

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Abraçar as emoções reprimidas…

Retiro

Desde crianças que nos ensinam a controlar as emoções porque expressá-las só vai agravar a situação ou aumentar o “veneno” mental … mas controlar é uma forma de reprimirmos essas emoções que mais cedo ou mais tarde resultam noutras emoções mais nefastas , como frustrações , ansiedades , depressões ou ainda vícios , problemas nas relações ou até doenças…
Então se expressar é mau e controlar ainda pior , que fazer com as emoções ? A solução é transformá-las ! Como ? Não lutando , não controlando , não rejeitando , não fugindo , mas sim abraçando-as através da sabedoria do reconhecimento , da compreensão , da compaixão… É a alquimia de Mindfulness , da Consciência Plena e do Amor.
Mas qual é a raiz de todas essas emoções que constituem todo o tipo de neuroses na nossa psique ? O Medo ! O medo de não ser aceite , o medo de ser rejeitado , o medo da crítica , o medo de perder – o trabalho , a estabilidade , a namorada , a casa , o carro , o título , o reconhecimento , etc – o medo de errar , o medo de não ser amado , o medo da solidão , o medo da doença , o medo da morte …… o medo do medo…..
Na tradição tibetana diz-se que o Medo é o nosso Demónio… não um inimigo externo que nos ataca , mas um processo interno mental gerado por nós mesmos , pelo nosso ego.
Como nos libertamos deste Demónio raiz ? Lutando através do controlo , da rejeição , não o ouvindo , não o olhando de frente ? Não foi o que temos vindo a fazer até ao momento e não tem resultado ? Até pode estar escondido e bem oculto , disfarçado com prazeres e felicidades muito temporárias , reprimido e aparentemente até parece que não está lá e mesmo assim se olharmos profundamente sentimo-nos tristes , não realizados ou insatisfeitos … e por vezes esgotados de tanto lutar sem êxito , onde os únicos frutos dessa luta é a raiva , a aversão , a rejeição ao que a vida nos traz de menos bom , ao que vida nos leva de melhor , ao que fica sem pedirmos para ficar … e ainda iludidos achamos que dessa luta ganhamos ainda mais coragem para continuar a lutar , quando essa coragem é apenas a raiva bem disfarçada , mas continuamos a chamar-lhe coragem , esse fogo que ainda nos alimenta e não nos faz desistir.
Como nos libertamos desse Demónio , do Medo ? Com uma coragem muito especial , a Compaixão. Uma coragem que precisa de confiar na nossa natureza mais profunda. Com essa confiança na nossa natureza pura e autêntica , temos a coragem de olhar de frente esse Medo , de o ouvir , reconhecer , compreender e finalmente dar-lhe o que necessita , nutri-lo , aceitá-lo , amá-lo … é assim que o medo se transforma na nossa maior Força Interna , no nosso maior amigo. Sem luta , sem controlo… com consciência , com confiança , com coragem , abraçando-o… como uma mãe que abraça o filho que chora. Porque ela o ama , ela dá , alimenta-o , cuida-o , nutre-o e sabe que ele é uma parte dela , porque estão intimamente ligados … assim são os nossos medos , são uma parte de nós que apenas está bloqueada e para que seja libertada , precisa de ser aceite , compreendida , nutrida com o que realmente precisa porque essa parte nunca foi conscientemente ouvida , tratada , acariciada.
O meu próximo retiro será um trabalho profundo sobre as nossas emoções e a nossa mente com reflexões fundamentais para compreendermos donde vêm essas emoções ; que tipo de padrões mentais repetimos vezes sem conta ; padrões que se tornaram vícios , frustrações , traumas , inseguranças , tristezas , depressões , doenças ; como podemos sair desses padrões e hábitos através de Mindfulness , da Consciência Plena , do Reconhecimento , da Confiança na nossa natureza pura , sábia e do Poder do Amor , Compaixão e ainda como libertar essa energia bloqueada que fica gravada no nosso corpo subtil , como forma de acelerar essa transformação , essa cura , através de movimentos conscientes , toque subtil , visualizações e êxtase.
É um retiro para silenciarmos a nossa mente , abrirmos o nosso coração e nutrirmos o nosso corpo para despertarmos a nossa verdadeira Coragem inata , o nosso Amor autêntico , a nossa Compaixão pura , a nossa Felicidade interna , a nossa Liberdade natural , a nossa Consciência desperta! É um retiro para todos , sem restrições! Tens uma mente ? Tens um corpo ? Tens um coração ? Então é mesmo para ti!

Mais informações:

Evento : Retiro – Abraçar as emoções reprimidas : as relações , as doenças , o medo , a insegurança , a frustração , a ansiedade
Data : 1 a 3 Abril , Sexta (18:30) a Domingo (15:00)
Local : Seminário da Silva – Barcelos
Valor : 170€
+ Info & Inscrições : ana@anataboada.com
Descrição :
Os obstáculos são tudo aquilo que nos condiciona … São as nossas inseguranças , as nossas preocupações e ansiedades , as nossas doenças , os nossos medos … São todos os assuntos que bloqueiam as nossas vidas e que nos impedem de experienciar a liberdade.
O nosso obstáculo pode vir da rejeição que sentimos cada vez que olhamos ao espelho , do conflito que temos com a pessoa que amamos… Ou o medo de falharmos ou o vício ao álcool , ao tabaco , às drogas , ao trabalho , ao dinheiro… Ou mesmo a desordem alimentar de comer sem controlo à espera de satisfação ou a anorexia para superar a fraca auto-estima… O medo da solidão ou de ser abandonado ou de perder quem tanto amamos… O medo de sermos vulneráveis e deixarmos de ser aceites pelos outros… Ou para termos atenção tornamo-nos nuns “coitadinhos” e “miseráveis”…
Toda a nossa vida lutamos contra esses obstáculos que , através de muitas máscaras , escondem emoções muito reprimidas. E quanto mais lutamos mais fortes ficam esses obstáculos.
Alguns obstáculos são padrões que já vêm dos nossos pais ou mesmo dos nossos antepassados longínquos e , sem consciência , repetimo-los , uma e outra vez , num ciclo que se perpetua pelos nossos filhos , netos , etc … Mas é da nossa inteira responsabilidade quebrar esse ciclo de sofrimento , por isso , está nas nossas mãos essa transformação.

Inclui:

▪ Treino da Mente : Emoções , Natureza da Mente , Meditação , Mindfulness , Contemplação
▪ Treino do Coração : Amor , Compaixão , Bondade , Alegria
▪ Treino do Corpo : Yoga Suave de Cura , Yoga da Energia , Movimentos Conscientes , Toque Subtil , Meditações de Felicidade-Êxtase , Massagens

PROGRAMA:

6a feira – 1 Abril
18:30 – 19:30 ~ Check-in
19:30 – 21:00 ~ Jantar
21:00 – 22:30 ~ Introdução ao Retiro

Sábado – 2 Abril
7:30 – 8:30 ~ Prática de Mindfulness
8:30 – 10:00 ~ Pequeno almoço & Descanso
10:00 – 13:00 ~ Teoria & Prática (com tea-break)
13:00 – 15:00 ~ Almoço & Descanso
15:00 – 19:30 ~ Teoria, Prática & Massagem (com tea-break)
19:30 – 21:00 ~ Jantar
21:00 – 22:30 ~ Festinha de convívio com música e dança

Domingo – 3 Abril
8:00 – 9:00 ~ Prática de Mindfulness
9:00 – 10:30 ~ Pequeno almoço & Descanso
10:00 –13:00 ~ Teoria, Prática & Conclusão (com tea-break)
13:00 – 15:00 – Almoço & Despedida

Orientado por Ana Taboada

AnaTaboada

Próximos Eventos:

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A via do Bodhisattva

shantideva2Caros amigos e amigas,

O Bodhicharyavatara (A Via do Bodhisattva) foi escrito pelo grande sábio Shantideva que estudou e viveu no grande mosteiro e universidade de Nalanda na India. Este grandioso texto centra-se principalmente em cultivar e intensificar o bodhichitta. Bodhichitta ou a compaixão absoluta é o desejo genuíno e sincero que todos os seres se libertem do sofrimento e sejam completamente felizes e é um requisito fundamental para praticar o dharma.

Estudar e contemplar este texto passa por transformar a nossa maneira de pensar de forma a cultivarmos uma atitude mais altruista, positiva e responsável. Trabalhamos ao nível intelectual até tal ponto que se torna tão convicto e tão genuino que passamos a sentir dessa forma. Este é o ponto em que o dharma penetra o nosso coração e a partir desse momento não faz sentido pensar e agir de outra forma. E só quando realmente sentimos como pensamos é que nos tornamos verdadeiros praticantes do dharma.

Às 4a feiras, nas sessões de estudo no meu Estúdio em Braga, analisamos um capítulo deste texto tão precioso. São 10 capítulos ao todo e para a semana estudaremos o capitulo V: Introspecção Vigilante. A cada capítulo, as palavras sábias de Shantideva, tornam-se cada vez mais intensas e penetrantes… e o entusiasmo aumenta à medida que tudo começa a fazer mais e mais sentido!

Estas aulas são das 20:10 às 21:30 e são gratuitas para todos os alunos do Estúdio – para se ser aluno basta ter um passe válido. Qualquer pessoa pode frequentar estas aulas, mesmo que seja externa ao Estúdio, mas estas terão o custo normal de uma aula. Para saberes mais informações sobre como funciona o sistema de pagamento no Estúdio envia um email para ana@anataboada.com ou consulta esta secção do blog: http://anataboadablog.com/estudioyogatibetano/.

Hoje na aula estudámos o capítulo da Atenção, um dos meus preferidos até ao momento. Gostei em especial destas partes que partilho:

“Estou como que entorpecido por feitiçaria,

Como que reduzido a um embrutecimento total.

Não sei o que obscurece a minha inteligência.

Oh, o que me detém das suas garras?”

“Raiva, apego, estes meus inimigos,

são desprovidos de membros e de faculdades.

Não têm bravura, não têm destreza;

Como me reduziram então a uma tal escravatura?”

“Eles residem na minha mente

E a seu grado me danam.

Tudo isto padeço mansamente, em ressentimento:

Tal a minha abjecta paciência, completamente deslocada!”

(…)

“Não abandorarei o combate até que, ante os meus olhos,

Estes meus inimigos estejam todos destruídos.

Pois se, enfurecidos pela mais simples desconsideração,

Incapazes de dormir até que as contas estejam saldadas,”

“Orgulhosos mas desgraçados rivais, todos destinados a

sofrer ao morrer,

Traçarão as linhas da batalha e farão o seu melhor para vencer,

E, indiferentes à dor de cortes e estocadas,

Manterão a sua posição, recusando ceder,”

“Desnecessário será dizer que não desanimarei,

Desprezando as provações do combate.

Deste dia em diante esforçar-me-ei por esmagar

Estes inimigos cuja natureza é causarem-me dor.”

(…)

“Desgraçadas emoções negativas, dissipadas pelo olho da sabedoria!

Para onde fugireis agora, quando desalojadas da minha mente?

Donde regressaríeis para me prejudicar?

Mas, oh, a minha mente é fraca. Sou indolente.”

“As emoções negativas não estão no objecto,

Nem nas faculdades, nem algures entre ambos.

E, se não noutro lugar, onde está a sua residência,

De onde infligem a sua devastação no mundo?

Elas são simples miragens; tende pois coragem!

Bani todo o vosso medo e esforçai-vos por conhecer a sua natureza.

Porque sofrer desnecessariamente as dores do inferno?

Que possamos todos um dia sentir, tal como Shantideva, a coragem e a determinação de nunca abandonar o combate contra os nossos maiores inimigos: as nossas emoções negativas… até que estes inimigos estejam completamente destruídos e assim sejamos completamente livres! Mas para que isso aconteça é importante saber que essas emoções, aparentemente fortes e estáveis, são fracas perante os olhos da sabedoria. E os olhos da sabedoria são aqueles que reconhecem qual a verdadeira natureza dessas emoções:

“Elas são simples miragens; tende pois coragem!

Bani todo o vosso medo e esforçai-vos por conhecer a sua natureza.

Porque sofrer desnecessariamente as dores do inferno?

Já é hora de acordarmos deste entorpecimento que mais parece feitiço, que tanto nos embrutece… Basta de tanto sofrimento desnecessário! Que tal libertarmo-nos das garras da ignorância e usarmos correctamente a nossa inteligência para despertarmos para a sabedoria?!

BodhiSoha!

Com todo o meu entusiasmo e dedicação,

Ana Taboada

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O Poder do Amor ~ domingo dia 11

Caros amigos e amigas,

O curso de introdução à prática d’O Poder do Amor é já este domingo dia 11 no Estúdio de Yoga Tibetano em Braga.

Esta prática serve de preparação para todas as práticas mais avançadas da Tradição Budista Tantrayana e os seus ensinamentos apresentam-nos um método muito bonito e eficaz no caminho para a iluminação: o amor e a compaixão.

Resumidamente este curso ensina o amor e a compaixão em 3 níveis: o amor gerado através do pensamento e a da razão (visão mahayana); o amor criado no corpo em forma de bliss (visão tantrayana) e, por fim, o amor absoluto completamente fora dos conceitos (rigpa). Este amor absoluto ou incondicional é a nossa verdadeira natureza e é o que pretendemos alcançar para nos iluminarmos!

Para todos os que se querem iniciar neste caminho tão deslumbrante que é a via tantrayana é fundamental estes ensinamentos e esta prática que Tulku Lobsang tão sabiamente chamou d’O Poder do Amor.

Deixo-vos com as palavras sábias deste Mestre que tão lindamente sabe tocar os nossos corações:

“A compaixão ajuda a abrir os canais. O amor ajuda também a abrir todos os canais subtis.  O amor permite que o vento e a energia fluiam harmoniosamente por todos os canais. O resultado é que mais dificilmente ficamos doentes ou envelhemos. Nós teremos uma vida mais longa. O amor também gera as essências branca e vermelha. Quando temos em abundância as essências branca e vermelha, estamos naturalmente felizes e plenos de amor. Mas se as essências branca e vermelha se reduzirem, os canais deixam de funcionar bem e a mente começa  a morrer. A felicidade desaparece e só a infelicidade permanece. Então é muito importante praticar o amor e a compaixão.”

Livro “Love&Health” by Tulku Lobsang

Para mais informações sobre esta prática podes consultar este artigo ou escreve-me um email para: ana@anataboada.com.

Com todo o meu amor e dedicação,

Ana Taboada

Educar (com)paixão

As nossas mentes são como crianças indisciplinadas!

 

Caros amigos e amigas,

 

Lembram-se do artigo Mover (com) paixão? Neste presente artigo vou continuar esse assunto, mas desta vez vou tentar analisar o tema da educação segundo os mais recentes avanços científicos.

 

Ao mesmo tempo que desenvolvemos a capacidade mental através do uso do corpo, também temos de desenvolver o nosso entendimento intelectual. Por isso, considero que seja fundamental implementar desde muito cedo a meditação analítica. No Tibete, as crianças começam desde novas a serem examinadas em “debates” filosóficos. E hoje em dia a ciência está a estudar de que forma podemos introduzir essa técnica na nossa educação. No debate desenvolve-se a capacidade de pensar rapidamente e também a fazer-se rápidas ligações cognitivas, para que se possa argumentar num curto espaço de tempo de forma efectiva.

 

Foi feito um estudo na Rússia que concluiu que as crianças de 5 anos de hoje em dia estão intelectualmente 2 anos atrasadas relativamente às crianças de há 30 atrás.

Segundo estudos modernos na área da educação e, mais especificamente, estudos na área da atenção e controlo cognitivo das crianças e adolescentes, existe uma função muito importante que deverá ser explorada desde tenra idade, chamada de “executive control”. Refere-se a um conjunto de 3 capacidades cognitivas que dependem de uma região do cérebro: o córtex prefrontal.

 

Uma dessas capacidades é o controlo inibitório (ou de inibição), que é a capacidade de resistir a uma inclinação forte de fazer algo, para fazer o que será mais apropriado ou necessário. Esta inibição de distrações, sejam internas ou externas, é necessária para a concentração ou atenção selectiva.

 

Esta capacidade inibitória de agir impulsivamente leva-nos:

–       a resistir de dizer algo que seja inapropriado ou que cause sofrimento;

–       ou de agir agressivamente.

Permite-nos também manter a execução de uma determinada tarefa, sem que haja interferências. Como por exemplo distrações, outros interesses, etc.

Em suma, dá-nos a capacidade de inibir inclinações fortes para desistir ou de resistir à tentação de fazer outras tarefas mais divertidas. Ou seja, dá-nos disciplina!

 

Esta capacidade de inibição é uma forma de controlo sobre a nossa atenção ou ações, para que não sejamos influenciados por estímulos externos ou emoções ou velhos hábitos ou até comportamentos.

Assim, esta capacidade ajuda-nos a tornar a mudança possível.

 

Outra capacidade do “executive control” é “working memory”, que é a capacidade de reter a informação na mente, enquanto se a trabalha mentalmente.

 

Os vários estudos científicos demonstram que estas duas capacidades cognitivas necessitam uma da outra. Também sabem que ao se desenvolver o “executive control” desde tenra idade vai ajudar as crianças e jovens a ter mais sucesso e a reduzir a agressividade, as doenças mentais (nomeadamente a doença de défice de atenção) e os vícios.

 

Estudos demonstram que os adultos também têm problemas em executar tarefas complexas que exijam estas duas capacidades cognitivas. Contudo, as crianças sofrem mais do controlo inibitório, pois são mais impulsivas. Alem disso, também são mais lentas em calcular a resposta.

 

Segundo os especialistas destas áreas basta darmos o tempo necessário para que criança quebre o hábito e dê a resposta correcta. E pensa-se que a doença de défice de atenção é devida ao facto de nunca se desenvolver o “executive control”.

Mas dizer à criança para parar para pensar antes de agir é contraproducente. Tem-se assim de se encontrar outras formas para “distrair” a criança.

 

Exemplos já estudados: cantar uma pequena canção antes da criança responder à pergunta; pedir à criança para trocar de lápis antes de responder ao exercício; em vez de se dizer à criança para ouvir a história que outra criança está a contar, dá-se uma carta com uma orelha à criança que tem de ouvir e uma carta de boca à criança que tem de contar a história, assim é como se estivessem num jogo e a criança vai cumprir essa a tarefa sem qualquer problema.

 

Ao contrario do se poderia esperar, estas tarefas extras não vão interferir com a validade da resposta e vão ajudar a dar o tempo necessário para que criança possa agir correctamente.

 

Outras formas que se estão a tentar implementar em estudos de educação para aumentar o “executive control” são:

–       meditações em andamento com sino na mão, a criança não pode fazer ruído;

–       artes marciais;

–       yoga.

 

Tarefas que exijam esforço, trabalho de equipa, disciplina. Os estudos revelam que é muito importante o desafio, a actividade física e o movimento.

 

E quando se coloca a questão de que forma a televisão e o computador podem contribuir para essa capacidade cognitiva, a resposta é clara! Estes meios de comunicação são feitos a pensar que as crianças têm esta capacidade pouco desenvolvida, por isso, exige da criança muito menos esforço. Todas as imagens e sons vão levar com que a criança não tenha de usar a imaginação, a criatividade. Alem disso é uma tarefa individual, não desenvolve a parte social.

 

Segundo estes cientistas, uma das tarefas que mais desenvolve as crianças desde tenra idade é ler ou contar histórias a uma criança: a criança ouve e pode imaginar, associar ideias e imagens, etc.

 

E o mais importante é começarmos a implementar as qualidades internas desde cedo. As crianças, assim como todos os jovens e adultos, necessitam de afeto. Desenvolver uma ética sem conotações religiosas na educação é fundamental. Porquê sem conotação religiosas? Por só assim serão universais. Baseadas na lógica e na razão e não na fé cega e fundamentalista que só traz discórdia.

 

E a qual a base de toda a ética? A compaixão! A compaixão é o desejo que todos os seres sejam felizes… é desejar que cesse o sofrimento… é a não-violência em palavras, ações e pensamentos.

 

Todas as regras de ética não são mais que um subproduto da compaixão… pois se tivermos compaixão, jamais iremos agredir outra pessoa, roubar ou matar, etc. E agiremos não porque temos de seguir determinadas regras ou valores impostos, mas porque já desenvolvemos um coração compassivo. Desta forma, é algo natural, sem esforço!

 

É, como Dalai Lama diz, tentar cultivar um grande NÓS em vez do eu e tu, da minha família e tua família, do meu país e teu país…

Por isso, o meu mestre Tulku Lobsang, quando os pais lhe pedem conselhos porque os seus filhos têm cada vez mais dificuldades na escola – não param quietos, as suas mentes não estão atentas e não se interessam por nada – diz para que as crianças façam, como exercício, desde tenra idade, prosternações.

 

No Tibete, os alunos respeitam os professores e Lamas do fundo do coração e, por isso, fazem sempre prosternações diante deles. No ocidente, porém, as crianças aprendem a criar uma forte noção de “eu” desde o primeiro dia de escola. O objectivo das prosternações não é humilhar e dizer que o Mestre está a um nível mais elevado que eu… nada disso! O problema não é esse. O problema é o nosso “eu” estar demasiado elevado. Então, as prosternações são uma forma de diminuirmos a nossa forte noção de “eu” perante alguém que já tem uma mente mais pura e que dessa forma nos pode ajudar. É uma forma de cultivar o respeito por alguém que nos quer e pode ajudar (se assim o permitirmos), como o caso de um professor ou de um mestre.

 

Na minha perspectiva, o que está a faltar nas crianças de hoje é o desafio, o esforço, a disciplina e, principalmente, a semente da compaixão…

Esta mensagem não é apenas para os professores, mas para os pais que são os principais responsáveis pela educação dos filhos.

 

Na minha experiência pessoal, como não sou mãe, não sei o que é verdadeiramente educar uma criança. Mas respeito muito essa função, pois tenho noção do quanto é difícil essa tarefa.

Contudo, sei o quanto é importante cultivar a compaixão… este ingrediente torna tudo mais simples. E se os pais já tiverem essa semente germinada nos seus corações, creio que será bem mais fácil de a cultivar nos corações dos seus rebentos!

 

E lembrem-se que a compaixão não é fazer tudo o que o outro gostaria que fizéssemos… nada disso! Compaixão é agir sempre em benefício dos outros, mesmo que isso passe por sermos rígidos, por mentirmos, por nos comportarmos de maneira estranha ou mesmo ficarmos no silêncio… não é fácil, é preciso ser sábio! Normalmente ou agimos de acordo com as regras da sociedade, da religião, da cultura, etc ou então de acordo com o nosso ego… Por isso, é tão difícil ajudar os outros. Nunca sabemos se estamos mesmo a ajudar de verdade!

 

É por este motivo que é tão importante começarmos a cultivar o que sentimos e não os nossos pensamentos e emoções. O sentimento é puro, vem do coração! A emoção é produto dos pensamentos, dos nossos registos mentais, do nosso karma…

 

Como fazemos? Temos de educar as nossas mentes… intelectualmente são adultas, mas emocionalmente são autenticas crianças!

Acho piada quando ouço pais a quererem ensinar técnicas de meditação às crianças! Sim, é excelente… mas e os próprios pais que fazem para a sua própria educação mental?

 

Lembrem-se que a nível emocional, somos piores que crianças!

 

Por isso, esta mensagem não é só para as crianças, jovens, educadores, professores, mas sim para TODOS nós!

Com toda minha dedicação e entusiasmo,

Ana Taboada